sábado, 8 de março de 2014

Mulher "Sexo Frágil"

(Matéria sobre o dia da mulher publicada na versão impressa da edição 487 do Jornal Voz, como o site do jornal ainda não foi atualizado e quero que o texto saia no dia da mulher vou publicá-lo aqui, mas assim que sair o texto no site do jornal repasso o link aqui também.) 


Mulher “sexo frágil”

O8 de março, dia internacional da mulher, vamos aproveitar a data para distribuir botões de rosas, comprar presentes e acelerar o comércio, certo? Não, o dia da mulher não foi criado pelo comércio, a história dessa data tem raízes nas diversas batalhas que as mulheres tiveram que lutar para conseguir direitos de igualdade.O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América, em memória ao protesto contra as más condições de trabalho das operárias de uma indústria de têxtil em Nova York, na ocasião elas foram reprimidas e trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. No ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem a essas mulheres. Mas somente em 1975 a ONU designou o mesmo ano como o Ano Internacional da Mulher e, em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas como celebração das conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres.
A história da luta das mulheres é antiga, mas esse fato marcou a criação da data. Combate por igualdade profissional e salarial, melhores condições de trabalho, direito ao voto, ao divórcio, à educação igualitária e a faculdade, leis contra a violência contra mulher e desigualdade de gêneros, lutas contra o preconceito e machismo. Muito foi conquistado, muito está camuflado e ainda implícito na sociedade. Até a própria História foi escrita pelos homens, privilegiando “seus grandes feitos” numa visão positivista e prevalentemente masculina, sem a participação feminina. Somente com a criação da História das Mulheres elas conseguiram ser integradas na história, mas de uma forma paralela, não integrada.
Como podemos falar em igualdade entre gêneros sem uma história única e homogenia, mesmo com suas particularidades? Como podemos falar que hoje existe igualdade entre sexos se a mulher não pode ocupar o mesmo cargo que o homem ou ocupando não ganha o mesmo? Se a mulher tem que se preocupar com a roupa que usa para não ser estuprada ou violentada na rua? Se quando ela leva uma cantada nojenta, a culpa é dela, “porque provocou”? Se corre o risco de ser assediada pelo próprio chefe a qualquer momento e se conseguiu uma promoção, na cabeça dos outros é sempre porque teve algo com algum superior, nunca porque mereceu? Se não tem direito ao próprio corpo?
Existe sim uma igualdade entre homens e mulheres, uma igualdade disfarçada, um preconceito escondido, mas que ainda prevalece, e age nas entrelinhas. Por isso, sim, é muito bom ganhar flores no dia das mulheres, muito bom se sentir amada, mas que essas flores não representem sua fragilidade, porque não há fragilidade num sexo que teve que lutar e luta diariamente para eliminar preconceitos tão presentes, mas demagogicamente inexistentes.

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