domingo, 11 de maio de 2014

Ser mãe

Texto que eu fiz sobre o dia das mães que saiu no Jornal Voz:


Ser mãe
 “Ser mãe é dadiva de Deus” “Ser mãe é algo especial, mágico e maravilhoso” “Gostaria de fazer uma homenagem a melhor mãe do mundo, a minha mãe” Dia das mães é assim, mas veja bem, ser mãe não é tão fácil, e dizer que sua mãe é especial nas redes sociais não à torna especial, principalmente se ela nem sabe ligar um computador!

Não estou julgando ninguém, nem suas intenções, porém, fico aqui me lembrando do dia que soube que seria mãe, minha primeira reação foi medo, porque mesmo com um ano de casada, não era algo programado, foi um susto, mas após os primeiros dez minutos de insegurança tive êxtase de alegria. Como assim vou ser mãe? Sempre sonhei ser mãe, e agora serei, obrigada Deus! Gente, tem uma vida dentro de mim, uma vida que virá ao mundo e vou encher de amor... Opa, virá ao mundo? Mas como assim? Como o neném vai sair daqui de dentro? Ai Meu Deus, vai doer, e agora? Parto Normal ou Cesárea? E o bebê, será que tá bem? Será que é menino ou menina? Ai, não importa, vou amar do mesmo jeito! Vixe, tenho que comprar as roupinhas, arrumar o quarto... Não, não é exagero, ser mãe é esse turbilhão de emoções e muito mais, e o legal é que cada mãe tem uma história, tem mãe de primeira viagem, mãe experiente, mãe adolescente, mãe casada, mãe solteira, tem mãe que leva anos pra conseguir ser mãe até finalmente conseguir realizar seu sonho e outras que simplesmente abandonam seus filhos. Tem mãe que se torna mãe por amor, que não dá à luz ao seu filho, mas que dá a vida por ele. Tem mãezona disfarçada de tia, de madrinha, porque o único requisito pra ser mãe de verdade, é o amor, o zelo e a vontade de ensinar.

Daí vem aquela velha questão de que mãe é “superprotetora” não quer que os filhos sofram, e quer fazer as escolhas por eles. O problema é esse, generalizam o papel da mãe, a sociedade, a família, os amigos, a escola, e até nossos próprios filhos nos cobram muito. Todo mundo acha alguma coisa, quanto à criação dos filhos dos outros. Na prática somos uma inconstância, vivemos entre o amor incondicional e o nervosismo do dia a dia, nos culpamos por cada falha e queremos melhorar sempre.

E quanto a nossa mãe ser a melhor do mundo? Aprendi que mãe é paradoxal, a maioria vive se culpando e errando de novo, grita quando não precisa, fica nervosa, pega no pé, por vezes desconta suas frustrações nos filhos, sofre por tudo isso, cria expectativas demais, e no final só quer dar o seu melhor, só quer que os filhos sejam felizes e se realizem. Nesse sentido podemos ser sim as melhores mães no mundo de alguém, porque ser melhor não significa ser perfeita.

A vida nos obrigou a superar problemas, dividir nosso tempo, assumir responsabilidades, sem deixar de dar amor. Não entendo muito bem essa capacidade de acumular tantas coisas, deve ser realmente um dom. Mas dentre tantas características a única certeza é que nenhuma mãe é igual, cada uma desenvolve seus dons de uma forma. Pratico meu exercício de ser mãe me questionando sempre, procurando não colocar rótulos em mim e em outras mães, sem comparações e com respeito. Me policio, tento proteger sem sufocar, amar sem dominar, ensinar sem impor. Minha mãe me dizia que cada atitude que eu tivesse teria uma consequência, e só eu poderia responder por elas, na verdade eu sempre pude contar com o colo dela, mesmo que o colo tivesse puxões de orelha, acho que isso é exatamente o resumo do que é ser mãe, é esse amor capaz de orientar, exigir respeito e querer bem sem deixar de ser um porto seguro. 


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http://www.jornalvoznet.com.br/edicao496/saude_bem%20viver/saude_bem%20viver.html