domingo, 9 de março de 2014

Amizades Sociais


- Então Luana, como estava te falando sabe? Tá cada dia mais difícil suportar a Fabi!

- Mas como assim Amanda? Sempre vejo você curtindo e comentando tudo que ela posta no facebook, pensei que você gostava muito dela!

- Sabe como é né? Gosto de manter os inimigos pertos! Gosto de ver o que ela posta pra ver se está falando de mim, ela vive soltando indireta, certeza que é pra mim!

- Sei lá Amanda, indireta é algo complicado, você fala pra um e vários acabam se ofendendo! Como você pode ter certeza que foi pra você?

- Tenho certeza, esses dias teve um evento na empresa, fui com um vestido curto, sabe aquele laranja, que fica coladinho? Então... No outro dia, ela estava soltando indireta sobre pessoas que se acham muito gostosas e querem seduzir o tempo todo, quem ela pensa que é? Curti e comentei como se não fosse pra mim, só pra mostrar que não dou à mínima!

- Ah eu vi essa postagem, mas será que foi mesmo pra você? E se foi não seria melhor se afastar?

- Lógico que não, beijo para as recalcadas bem, isso só me fortalece e mostra o quanto ela sente inveja de mim!

- Sei lá Amanda, mas você tirou várias fotos com ela na festa, até escreveu “minha amiga gata e poderosa” na legenda, pensei que estava tudo bem!

- Hahaha, mas Luana essa que é a graça, ela acha que eu não sei quem ela é, mas sei direitinho com quem me meto!

- Mas Amanda...

- Mas nada Luana, ai credo, você nem pra me apoiar, sei que você também não gosta dela, afinal ela entrou no seu lugar na empresa!

- Amanda eu me demiti e indiquei ela, por que eu ficaria chateada com isso?

- Ah mas ela se adaptou rápido, e todo mundo da empresa gosta dela, fala que você não fica com ciúmes?-Não fico, estou muito feliz na empresa nova, estou realizada!

- Claro que está Amanda, bom tenho que ir, depois conversamos mais!

- Bom te ver Luanda, sucesso lá na empresa, até mais!

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“Ah mas quem essa Amanda é pra falar assim comigo, se acha, ela vai ver!”


- Oi Fabi, como foi o final de semana? Vi suas fotos da viagem pra praia, tá linda hein?

- Rsrsrs, obrigada amiga, malhando bastante! E você aproveitou bem?

- Nossa foi ótimo, mas não te conto quem eu encontrei? A Amanda!

- Ah a Amanda, que saudades, faz tempo que não a vejo!


- Humpf, você devia era ter cuidado com ela, quis falar mal de você, mas eu cortei!

- Como assim, mas por quê?

- Ah deixa pra lá, nem dei corda!

- Vamos tirar uma foto no elevador, adorei sua roupa, vamos registrar!


- Hahaha, também adorei essa sua blusinha azul, ok, vamos!


Mais tarde no facebook:

“Foto com a minha amiga Fabi, linda, amizade verdadeira #BeijinhoNoOmbroParaAsRecalcadas” 


sábado, 8 de março de 2014

Mulher "Sexo Frágil"

(Matéria sobre o dia da mulher publicada na versão impressa da edição 487 do Jornal Voz, como o site do jornal ainda não foi atualizado e quero que o texto saia no dia da mulher vou publicá-lo aqui, mas assim que sair o texto no site do jornal repasso o link aqui também.) 


Mulher “sexo frágil”

O8 de março, dia internacional da mulher, vamos aproveitar a data para distribuir botões de rosas, comprar presentes e acelerar o comércio, certo? Não, o dia da mulher não foi criado pelo comércio, a história dessa data tem raízes nas diversas batalhas que as mulheres tiveram que lutar para conseguir direitos de igualdade.O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América, em memória ao protesto contra as más condições de trabalho das operárias de uma indústria de têxtil em Nova York, na ocasião elas foram reprimidas e trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. No ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem a essas mulheres. Mas somente em 1975 a ONU designou o mesmo ano como o Ano Internacional da Mulher e, em dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas como celebração das conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres.
A história da luta das mulheres é antiga, mas esse fato marcou a criação da data. Combate por igualdade profissional e salarial, melhores condições de trabalho, direito ao voto, ao divórcio, à educação igualitária e a faculdade, leis contra a violência contra mulher e desigualdade de gêneros, lutas contra o preconceito e machismo. Muito foi conquistado, muito está camuflado e ainda implícito na sociedade. Até a própria História foi escrita pelos homens, privilegiando “seus grandes feitos” numa visão positivista e prevalentemente masculina, sem a participação feminina. Somente com a criação da História das Mulheres elas conseguiram ser integradas na história, mas de uma forma paralela, não integrada.
Como podemos falar em igualdade entre gêneros sem uma história única e homogenia, mesmo com suas particularidades? Como podemos falar que hoje existe igualdade entre sexos se a mulher não pode ocupar o mesmo cargo que o homem ou ocupando não ganha o mesmo? Se a mulher tem que se preocupar com a roupa que usa para não ser estuprada ou violentada na rua? Se quando ela leva uma cantada nojenta, a culpa é dela, “porque provocou”? Se corre o risco de ser assediada pelo próprio chefe a qualquer momento e se conseguiu uma promoção, na cabeça dos outros é sempre porque teve algo com algum superior, nunca porque mereceu? Se não tem direito ao próprio corpo?
Existe sim uma igualdade entre homens e mulheres, uma igualdade disfarçada, um preconceito escondido, mas que ainda prevalece, e age nas entrelinhas. Por isso, sim, é muito bom ganhar flores no dia das mulheres, muito bom se sentir amada, mas que essas flores não representem sua fragilidade, porque não há fragilidade num sexo que teve que lutar e luta diariamente para eliminar preconceitos tão presentes, mas demagogicamente inexistentes.