“Educação
vem de casa.” Esse tipo de frase tem sido uma constante, na boca do povo, nos
compartilhamentos nas redes sociais, até mesmo por parte de educadores, mas
será esse um bom “argumento”? Esse tipo de pensamento me transmite a sensação
de Pilatos, a escola culpa a família e a família culpa a escola, ambas, porém,
lavam suas mãos e o destino dos jovens e crianças continuam entregues à sorte.
Se ausentar da responsabilidade seria mais fácil do que tentar promover projetos
que façam escola e comunidade trabalharem juntas pela educação?
A comunidade escolar não é homogenia,
entender isso é o primeiro passo para o desenvolvimento de ações que integrem
escola e comunidade. Pais, alunos,
professores e corpo escolar têm origens, crenças e criações diferentes, e o
erro, muitas vezes, está em querer homogeneizar essas relações. Como esperar
que um aluno renda na escola se ele não tem boa estrutura familiar, se o pai é
alcoólatra, o irmão é traficante e a mãe sofre de depressão (por exemplo)?
Indisciplina, violência, faltas
excessivas, desinteresse, problemas de comportamento e evasão escolar, são
exemplos de problemas enfrentados nas escolas, principalmente nas públicas,
esperar que os professores resolvam isso sozinho é leviano, mas em conjunto com
a família, mesmo que as mesmas obtenham dificuldades, é um bom caminho para
melhorar o desempenho escolar dos alunos e as relações sociais que os envolvem.
Para que essa inclusão aconteça, algumas
ações devem ser tomadas, o desenvolvimento pedagógico escolar deve apresentar
alternativas, como, por exemplo, a criação de uma APM – Associação de Pais e
Mestres, com intuito de integrar sociedade civil e sociedade escolar, pais,
alunos e professores tomando decisões em conjunto, em prol da escola. Só a
criação da associação não é garantia de integração, então, é importante que a
escola saia de sua zona de conforto e permita a participação da comunidade nas
tomadas de decisões. A escola pode promover atividades interativas, como jogos,
gincanas, festas, eventos e diversos projetos.
Comunidade escolar que participa, que se sente incluída, assume
responsabilidades e zela melhor da escola, além disso, esses tipos de
atividades proporcionariam maiores interações entre pais e filhos, fazendo
atividades juntos eles conhecem melhor suas relações e se sentem mais motivados
e unidos.
Outra ideia é a criação de um espaço
cultural, esse espaço seria dos alunos, nele, eles poderia expressar todo tipo
de arte e informação, eles seriam os próprios responsáveis pelo que nele seria
produzido e administrado, claro, que contando com o apoio dos professores e
diretoria, mas é importante que eles tenham autonomia nesse espaço, assim, além
deles poderem se expressar, trocar conhecimento e trabalhar diversos assuntos,
se sentiriam responsáveis por ele, e parte importante da escola, o que é fundamental
para o seu desenvolvimento e socialização.
A ideia é promover planos que despertem
o interesse dos alunos pela comunidade, e que promovam essa interação, como
mutirões do bem, jornal da escola, dias culturais, murais de notícias, atitudes
que estimulam o pensamento crítico, o olhar consciente e a cidadania, os alunos
não precisam de discursos, lições de moral e comparações, como “tal escola é
melhor que essa, vocês estão ficando para trás” “tais alunos são mais
interessados que vocês, vocês não são esforçados” tais afirmativas destroem a
autoestima desses alunos e em vez de incentivar acabam por frustrar e revoltar.
Levantar esse tema pode parecer utópico,
atitude típica de uma estudante de história, ainda não formada e não incluída
no cotidiano escolar, mas considero essas ações possíveis. Questionar, buscar,
inquietar-se com o “tradicional” ou o repetido, deixar de apenas reproduzir o
que já está sendo feito, devem ser constâncias não só nos novos e futuros
educadores, mas em todo o universo escolar e familiar. Essas atitudes serão
positivas para todos, e ações simples já fazem toda diferença, juntos, com uma
gestão democrática, e propostas pedagógicas que promovam o respeito
às diferenças, formaremos verdadeiros cidadãos.
Francyane Kristinny Lehmkuhl Fiocca
Texto escrito especialmente para o Jornal Voz, link para postagem original aqui